Alegria de Milho
Acordei mais cedo que de costume, pois me deu uma vontade louca de apreciar tudo o que está a minha volta. Ando distraído, como à procura de algo, sento à beira de um banquinho verde e hulmilde, instalado com cuidado no centro de uma pracinha, onde antigamente as pessoas se reuniam corriqueiramente para alimentar os pombos, que rasgavam rapidamente o céu à procura de qualquer vestígio de milho.
Fico triste por saber que as pessoas não dão mais atenção as pequenas coisas. Não dá mais para observar aquela pequena porção da praça sendo invadida por uma imensidão de "asas brancas", que por sua vez, hoje se alimentam só de boatos irônicos que preenchem o lugar. Queria ver alguém enfeitando o chão de amarelo. Queria ao menos ter certeza de que há alguém que pensa assim como eu.
Espere um pouco. Observo alguém chegar com um pacote de milho. É um garotinho dentro de uma camisa branca com pequenos furos e uma bermuda suja. Deve ter seus oitos anos.
Por que ele não comprou guloseimas ao invés de milho? Acho que estava sem fome. Agora ele está abrindo o saco com bastante sutileza. Pega um punhado de milho na sua mão esquerda e atira estrategicamente num determinado local na praça. Com pequenos punhados, ainda estratégicos, esvazia todo o conteúdo da embalagem. Foi lindo ver aquelas aves se posicionarem afoitamente pelo lugar comendo todo o milho do chão. O menino fica triste agora que acabou a comida. Com leves movimentos vai se distanciando do lugar.
A cada vento uma prestação de pombos subiem aos céus e desaparecem. Eu gostaria de ver novamente esses olhares sendo invadidos por imensas alegrias, como quando eles viram o garoto arremessando o primeiro punhado de milho. Aguardo a estória se repetir enquanto aqui estou, sentado nesse banquinho verde e humilde escrevendo essa crônica.
José Alexandre Albino Pinheiro
E.E.E.P.Gov. Virgílio Távora
1º ano C